1. CATÁLOGO DE COMPETÊNCIAS COMO MATRIZ PARA A SELEÇÃO DE participantes

Durante a fase de preparação de uma mobilidade transnacional, os principais desafios para as organizações de envio são a seleção dos alunos, a definição dos resultados de aprendizagem esperados, a preparação profissional de acordo com os mesmos, a gestão administrativa do projeto (aspetos legais, seguro…), os fluxos de informação entre todas as partes envolvidas, bem como a preparação linguística e cultural dos alunos.

Embora o seu grupo-alvo já tenha sido previamente identificado na proposta submetida e aprovada pela Agência Nacional, ter uma estratégia bem planeada para a seleção dos alunos irá ajudar a entidade de envio a identificar os alunos mais adequados, fornecendo, ao mesmo tempo, informações úteis para serem exploradas numa fase posterior, quando se procura adequar o perfil dos alunos com a oferta de escolas e com as empresas disponíveis, em casos de formação no contexto de trabalho.

Este instrumento possui um catálogo de competências e algumas diretrizes para configurar uma matriz para a seleção de alunos (Instrumento para Avaliar as Competências antes da Partida) e para avaliar as competências desenvolvidas (Instrumento para Avaliar as Competências na Chegada), com comentários operacionais sobre como integrar as informações recolhidas durante a fase de seleção no Acordo de Aprendizagem ao abrigo do ECVET.

O instrumento deve ser usado pela organização de envio para avaliar o desempenho e os progressos do/a aluno/a.

  1. CompetênciAs PARA A MOBILIDADE transnaCional

Uma mobilidade transnacional, especialmente se implementada durante o ensino secundário, pode ser considerada como uma experiência de desenvolvimento global que certamente afetará o crescimento pessoal e profissional do/a aluno/a.

Dependendo das peculiaridades de cada projeto, diferentes competências podem ter um peso distinto para a seleção dos candidatos, mas certamente todas elas devem ser levadas em consideração para garantir a qualidade da mobilidade individual e o desenvolvimento dos resultados de aprendizagem desejados.

Existem quatro categorias principais de competências que devem ser avaliadas em combinação com outros critérios de elegibilidade especificamente indicados na candidatura (por exemplo, necessidades especiais, vulnerabilidades sociais, económicas e culturais, etc.):

  • Competências pessoais e sociais – incluindo a motivação, a responsabilidade, pontualidade, flexibilidade, tenacidade, resolução de problemas.
  • Competências profissionais – referentes ao desempenho académico geral ou a unidades específicas de resultados de aprendizagem (com interesse para a mobilidade), bem como outras competências comportamentais e competências técnicas adquiridas em experiências de trabalho anterior ou em atividades de voluntariado.
  • Competências linguísticas – para serem avaliadas em linha com o Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas (CEFR).

Portanto, se a avaliação combinada de todas estas competências é crucial para uma avaliação completa dos candidatos para a mobilidade, como já foi mencionado acima, também é importante planear e conduzir as atividades de avaliação com metodologias e ferramentas apropriadas para o propósito da seleção.

Por exemplo, se a mobilidade transnacional for implementada na área do Web Marketing e o grupo-alvo identificado no projeto forem alunos de Educação e Formação Profissional Inicial em Desenho Gráfico, muito provavelmente a avaliação das suas competências profissionais já abrangerá alguns dos tópicos do DIGICOMP (por exemplo, a criação de conteúdos) e será suficiente ter em consideração a autoavaliação fornecida pelos próprios candidatos no Curriculum Vitae Europass, durante a fase de candidatura.

Por outro lado, se o grupo-alvo da mobilidade são alunos de Educação e Formação Profissional Inicial em da área de cozinha e estão a candidatar-se a um período de estágio no estrangeiro, pode ser incluído um teste em competências digitais, com uma percentagem mais baixa, como uma das atividades para avaliar os candidatos, considerando que as competências digitais não são as competências mais importantes para a sua área.

De fato, “as tecnologias digitais são os principais impulsionadores da inovação, crescimento e criação de empregos na economia global. Mas nem todos, no entanto, possuem conhecimentos, habilidades e atitudes para utilizar as tecnologias digitais de forma crítica, colaborativa e criativa. Estas competências digitais estão a tornando-se um imperativo para a empregabilidade e para a cidadania ativa. (…) Não possuir estas competências digitais tem consequências diretas para a empregabilidade. Na UE, 42% das pessoas sem conhecimentos básicos de informática estão inativas no mercado de trabalho”. (Erasmus+, “DIGICOMP Brochure –  A common European Digital Competence Framework for Citizens”)

Não esquecer!!! Quem beneficia de um projeto de mobilidade Erasmus+ não são apenas os que serão selecionados para o período de aprendizagem no estrangeiro, mas também os que participam direta ou indiretamente nas atividades de preparação, avaliação e disseminação. De facto, a utilização das ferramentas Europeias para a certificação de competências, bem como o envolvimento num processo de seleção, deve ser considerado como uma grande oportunidade para o crescimento pessoal e profissional.

  1. planEAMENTO DA seleÇÂO DOS participantes

Planeamento e comprometimento são dois elementos fundamentais para garantir a qualidade de um projeto de mobilidade, em todas as suas fases. Se foi o profissional responsável pela elaboração do projeto de candidatura, já demonstrou um alto nível de comprometimento, que precisa de manter durante o projeto.

Uma das primeiras atividades a planear e implementar na fase de preparação é a seleção de alunos para a mobilidade.

Na Tabela 1 encontra um catálogo com as competências mais importantes que um participante deve demonstrar antes da partida.

Tabela 1: Catálogo de Critérios de Seleção.

Competências Pessoais/Sociais
Motivação Quais são as expetativas do/a candidato/a em relação à experiência de mobilidade internacional? É capaz de justificar claramente as razões pelas quais se está a candidatar ao período de aprendizagem no estrangeiro?

A motivação geralmente resulta da consciência de planos e de prioridades. Portanto, os candidatos devem ser capazes de argumentar sobre os benefícios da mobilidade, com referência tanto ao seu percurso académico quanto ao seu crescimento pessoal e profissional.

Responsabilidade Para todos os efeitos, os alunos de Educação e Formação Profissional Inicial são adolescentes. De qualquer forma, o seu nível de maturidade pode variar muito, dependendo de vários fatores. Esta competência deve ser avaliada de acordo com as caraterísticas da mobilidade (duração, presença do acompanhante, tarefas a realizar), sendo normalmente avaliada pelos professores ou tutores.
Pontualidade A pontualidade é a competência para completar uma tarefa requerida ou cumprir uma obrigação, antes ou num momento previamente designado. Ser pontual na sala de aula / local de trabalho, refere-se tanto à “gestão do tempo” como à “etiqueta” e é uma competência que pode ser facilmente avaliada de acordo com o comportamento geral do/a aluno/a na escola.
Flexibilidade Refere-se à competência para lidar com mudanças de circunstâncias e pensar em problemas e tarefas de maneiras novas e criativas. Por outras palavras, são as habilidades de pensamento criativo. Mais uma vez, a flexibilidade pode ser avaliada de acordo com a atitude e o comportamento do/a aluno/a na escola, mas também considerando experiências anteriores semelhantes (intercâmbios de jovens, famílias multiculturais, visitas de estudo, etc.)
Resolução de Problemas Quais são os desejos, esperanças e medos do/a aluno/a em relação à experiência de mobilidade? Por é que pensa ser a pessoa certa para ir para o estrangeiro?

Embora as atividades de preparação possam contribuir para fortalecer a prontidão dos alunos selecionados para a mobilidade, a curiosidade, a atitude positiva e a inclinação pessoal para a resolução de problemas já devem pertencer aos candidatos na etapa de seleção.

Competências Profissionais
Desempenho Académico Pode recompensar os alunos que alcançaram melhores resultados nos exames e na avaliação contínua para a verificação de objetivos educativos.
Unidades de Resultados de Aprendizagem Em alternativa e/ou de forma complementar, a seleção dos alunos pode ser feita com base nos resultados de aprendizagem adquiridos/desenvolvidos em unidades específicas, que sejam particularmente relevantes para a mobilidade.
Aprendizagens Não formais O/A candidato/a já esteve envolvido numa experiência de trabalho ou de estágio durante o seu percurso académico? Se sim, vale a pena investigar as competências profissionais que possa ter desenvolvido e saber os motivos pelos quais considera a experiência útil/enriquecedora.
Competências Linguísticas
Língua de Trabalho No âmbito das competências linguísticas, o aspecto mais importante a ser avaliado é o conhecimento e a capacidade de trabalhar com a língua que será usada durante a estadia no estrangeiro. Para mobilidades superiores a um (1) mês, a Comissão Europeia exige que os beneficiários implementem uma avaliação on-line antes e depois da experiência transnacional através do Online Linguistic Support (OLS), uma plataforma que oferece também cursos on-line em diferentes línguas da UE. De qualquer forma, a plataforma OLS não fornece (ainda) um sistema para a aceitação/rejeição de alunos e as licenças só podem ser atribuídas após a seleção dos alunos.
Língua do país de acolhimento Conhecer a língua do país onde a mobilidade será realizada pode ser outro aspeto a ser avaliado para a seleção de alunos.
Competências Digitais
relacionadas com o Trabalho de Projeto Podem ser necessárias várias competências digitais para a execução correta de tarefas relacionadas com o posto de trabalho  durante o estágio/formação em contexto de trabalho no estrangeiro, bem como para a implementação bem-sucedida de atividades de formação e de avaliação relacionadas com o próprio projeto.
relacionadas com a Mobilidade Durante a estadia no estrangeiro, os alunos terão diferentes necessidades e problemas que podem ser melhor satisfeitos e resolvidos por meios digitais. Por exemplo: ser capaz de comprar bilhetes on-line, usar o skype para entrar em contacto com amigos e familiares, produzir um vídeo digital com um smartphone para documentar a experiência, estar ciente dos possíveis riscos digitais, resolver problemas simples de hardware. Estas são competências que, se já são dominadas pelo/a aluno/a, tornarão toda a experiência mais suave e ainda mais memorável!
  1. balanÇO DE competÊnciAs PARA A SELEÇÃO

Dependendo dos objetivos e da metodologia descrita no projeto de mobilidade, já deve ter atribuído um peso diferente a cada uma das quatro categorias de competências listadas anteriormente. Isso pode ser feito em termos de valor percentual, facilitando a elaboração de uma lista graduada, depois de ter sido concluída a verificação de todos os critérios de cumprimento de elegibilidade.

A Tabela 2 ilustra a forma como podem ser levados em consideração os diferentes tipos de avaliação e a forma como podem ser utilizadas as informações recolhidas, numa fase posterior da implementação do projeto.

Tabela 2: Balanço de Competências para o processo de seleção.

AVALIAÇÃO INTERNA CV / CERTIFICADOS ENTREVISTA / VIDEO CONFERÊNCIA TESTE ESCRITO / CARTA Como usar os resultados recolhidos durante o processo de seleção dos participantes
Competências Pessoais/Sociais (e.g. 35%)
Motivação Compatibilidade com escolas/empresas e Secção 4 do Acordo de Aprendizagem ao abrigo do ECVET
Responsabilidade Treino/Formação para capacitar os alunos
Pontualidade
Flexibilidade Compatibilidade com escolas/empresas
Resolução de Problemas
Competências Profissionais (e.g. 35%)
Desempenho Académico Secção 3 do Acordo de Aprendizagem ao abrigo do ECVET
Unidades de Resultados de Aprendizagem
Aprendizagem Não Formal
Competências Linguísticas (e.g. 20%)
Língua de Trabalho Treino/Formação para capacitar os alunos Secções 3/4 do Acordo de Aprendizagem ao abrigo do ECVET
Língua do país de acolhimento
Competências Digitais (e.g. 10%)
relacionadas com o Trabalho de Projeto Treino/Formação para capacitar os alunos Secções 3/4 do Acordo de Aprendizagem ao abrigo do ECVET
relacionadas com a Mobilidade

Não esquecer!!! Para além de ponderar as competências para a seleção dos participantes, deve projetar cada atividade de avaliação para que os resultados possam ser obtidos numa escala numérica de entre 0 a 10.

  1. matriZ PARA A ELABORAÇÃO DA LISTA GRADUADA

Usando um software, pode definir cálculos automáticos e outras fórmulas úteis para a organização de dados (por exemplo, LibreOffice), pode criar uma folha de cálculo que o ajude na realização de cálculos como somar e calcular a média ponderada dos resultados obtidos nas diferentes atividades de avaliação dos candidatos.

No exemplo que se segue, os participantes foram escolhidos com base nas suas competências pessoais/sociais, profissionais e linguísticas.

Tabela 3: Exemplo da distribuição percentual dos critérios de seleção.

CRITÉRIOS DE SELEÇÃO % NOTA   NOTA %
COMPETÊNCIAS PESSOAIS / SOCIAIS 51% 8 = 4,1
MOTIVAÇÃO 10
RESPONSIBILIDADE 8
PONTUALIDADE 8
FLEXIBILIDADE 7
RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS 7
COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS 30% 5 = 1,5
DESEMPENHO ACADÉMICO 8
APRENDIZAGEM NÃO FORMAL 2
COMPETÊNCIAS LINGUÍSTICAS 19% 5 = 0,95
LÍNGUA DE TRABALHO 5
NOTA FINAL PARA A LISTA GRADUADA 6,5

Não esquecer!!! Com a ajuda de folhas de cálculo, também pode correlacionar células entre diferentes folhas ou até de arquivos diferentes. Depois de criar o seu software interno, terá o trabalho administrativo facilitado para projetos atuais e futuros.

  1. INSTRUMENTO PARA AVALIAR COMPETÊNCIAS

O Instrumento para Avaliar Competências está disponível para download.

O instrumento está elaborado de tal forma que possui campos flexíveis de seleção de competências e campos flexíveis de discriminação de critérios de seleção. Esta ferramenta pode ser preenchida de forma direta pelos parcerias que estão a promover projetos de mobilidade Europeia, a fim de obter imediatamente os resultados da avaliação de competências após a inserção das informações necessárias.

O Instrumento para Avaliar Competências está dividido em três secções:

Instrumento para Avaliar as Competências – antes da Partida: para ser aplicado pela organização de envio, durante o processo de seleção, com vista à seleção dos candidatos para participar no projeto de mobilidade, conhecer o perfil dos participantes e as suas competências antes da sua participação no programa.

Aqui está o link direto de acesso ao Instrumento para Avaliar as Competências – antes da Partida.

Fase e Etapa do Circuito Pedagógico em que o quadro metodológico deve ser usado:

Fase 1: Antes da Mobilidade

Etapa 3: Seleção dos Participantes para a Mobilidade

Instrumento para Avaliar as Competências – depois da Mobilidade: para ser aplicado pela organização de envio, aquando da chegada dos participantes, com o objetivo de conhecer a evolução dos participantes após a sua participação no programa de mobilidade.

Aqui está o link direto de acesso ao Instrumento para Avaliar as Competências – depois da Mobilidade.

Fase e Etapa do Circuito Pedagógico em que o quadro metodológico deve ser usado:

Fase 3: Após a Mobilidade

Etapa 6: Verificação das Competências

Catálogo de Critérios de Seleção: é um catálogo de competências, dividido em quatro categorias principais, com vista a apoiar a organização de envio na escolha de critérios e na avaliação das competências dos candidatos.

Aqui está o link direto de acesso ao Catálogo de Critérios de Seleção.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Vuorikari, R., Punie, Y., Carretero Gomez S., Van den Brande, G. (2016). DigComp 2.0: The Digital Competence Framework for Citizens. Update Phase 1: The Conceptual Reference Model. Luxembourg Publication Office of the European Union. EUR 27948 EN. doi:10.2791/11517.

Erasmus+ Programme of the European Commission (2018). Erasmus+ Programme Guide. Version 2 (2018): 15/12/2017.

 

 

 

REFERÊNCIAS DE WEBSITES

 

https://www.openeducationeuropa.eu/sites/default/files/DIGCOMP%20brochure%202014%20.pdf

https://europass.cedefop.europa.eu/